PASSOS DA PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA

PASSOS DA PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA


Para, um aprendizado de qualidade, o aluno deverá estabelecer relações entre o saber adquirido, as experiências vividas, as necessidades sociais e individuais, buscando sempre a aquisição efetiva do conhecimento.

Gasparin (2005, p.15) ressalta que “o primeiro passo” do método caracteriza-se por uma preparação, uma mobilização do aluno para a construção do conhecimento escolar. É uma primeira leitura da realidade, um contato inicial com o tema a ser estudado”. Assim, há a necessidade de valorizar os saberes do senso comum, trabalhando em direção do saber elaborado e constituindo o momento de ruptura (quando o professor introduz conhecimentos novos e modifica os conceitos e as experiências vivenciadas pelos alunos), favorecendo a análise crítica e conduzindo a aquisição de novos conhecimentos.

O papel do professor é apresentar os conteúdos ao aluno, de uma maneira que lhe chamem a atenção, estabelecendo as relações entre si, para levar o aluno a pensar, questionar e refletir sobre o que foi proposto. Neste sentido, de acordo com Gasparin:

Uma das formas para motivar os alunos é conhecer sua prática social imediata a respeito do conteúdo curricular proposto. Como também ouvi-los sobre a prática social mediata, isto é, aquela prática que não depende diretamente do indivíduo, e sim das relações sociais como um todo. Conhecer essas duas dimensões do conteúdo constitui uma forma básica de criar interesse por uma aprendizagens significativa do aluno e uma prática docente também significativa. (GASPARIN, 2005, p. 15-16).

Além disso, o educador precisa organizar sua prática pedagógica, promovendo as inter-relações dos conteúdos e disciplinas, métodos, objetivos e avaliação, de forma que contribua para a mediação entre o saber do senso comum e o conhecimento cientifico e cultural mais elaborado.

O professor a princípio anuncia aos alunos o conteúdo a ser trabalhado, promove o diálogo com eles sobre esse tema, buscando verificar qual o domínio que já possuem e que uso fazem na prática social diária, desafiando os alunos a mostrarem o que já sabem sobre cada um dos itens que serão estudados. Dessa forma, a prática social inicial é sempre uma contextualização do conteúdo. Após está fase, o professor faz indagações sobre o conteúdo trabalhado relacionando-o com a prática social, com o intuito de levantar questões que irão orientar o desenvolvimento da prática pedagógica por meio da utilização de diversos instrumentos que favoreçam a aquisição do conhecimento. Como afirma Gasparin (2005, p. 35) “a problematização é um desafio, ou seja, é a criação de uma necessidade para o educando, através de sua ação, busque o conhecimento”. Sendo o momento de evidenciar o estudo dos conteúdos propostos em função das respostas a serem dadas às questões levantadas inicialmente.

Segundo Gasparin (2005, p.51) após o levantamento das questões e sua sistematização, o processo ensino-aprendizagem é encaminhado para levar alunos a aquisição de novos conhecimentos, com o objetivo sistematizado do conhecimento – o conteúdo.

O trabalho do professor e dos alunos será desenvolvido por meio de ações didático-pedagógicas, adequadas a cada tipo de conteúdo trabalhado, que são fundamentais à efetiva construção conjunta do conhecimento nas dimensões científica, social e histórica, se efetivando o processo dialético de construção do conhecimento que vai do empírico ao abstrato para o concreto.

Gasparin (2005, p. 53) cita que “a Instrumentalização é o caminho através do qual o conteúdo sistematizado é posto à disposição dos alunos para que o assimilem e o recriem e, ao incorporá-lo, transformem-no em instrumento de construção pessoal e profissional”.

O aluno, por sua vez, demonstrará a aquisição do conhecimento por meio da linguagem escrita e/ ou oral, expressando sua nova maneira de ver a prática social, ou seja, sua nova posição frente ao conteúdo trabalhado. Sobre isso Gasparin (2005, p. 128) destaca que “a Catarse é a síntese do cotidiano e do científico, do teórico e do prático a que o educando chegou, marcando sua nova posição em relação ao conteúdo e à forma de sua construção social e sua reconstrução na escola”. Dessa forma, o educando faz um resumo do conteúdo assimilado, demonstrando a aprendizagem do novo conceito adquirido.

Na prática social final do conteúdo, tanto o professor, como os alunos se modificam intelectual e qualitativamente em relação ao conteúdo, passando de um estágio de menor compreensão científica, social e histórica a uma fase de maior clareza e compreensão dessas mesmas concepções dentro da totalidade.

A Prática Social Final é a nova maneira de compreender a realidade e de posicionar-se nela, não apenas em relação ao fenômeno, mas à essência do real, do concreto. É a manifestação da nova postura prática, da nova atitude, da nova visão do conteúdo no cotidiano. É, ao mesmo tempo, o momento da ação consciente, na perspectiva da transformação social, retornando à Prática Social Inicial, agora modificada pela aprendizagem. (GASPARIN, 2005, p. 147)

Neste processo, tanto professor como alunos, adquirem uma nova forma de agir, com intenção e desejo de colocar em prática os conhecimentos assimilados, utilizando em seu dia-a-dia como forma de buscar a transformação da sociedade em que vive.